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Liberdade Religiosa... ainda há caminho à percorrer!
A religião afro-brasileira, trazida por africanos ou originada de tradições culturais de povos que entraram no Brasil como escravos, nem sempre foi professada livremente. Sua organização e expressão foi impedida no período colonial pela Inquisição, que atuou em Portugal de 1536 a 1820, punindo os "crimes contra a fé", e quando foi encarada como feitiçaria e prática diabólica. No Império, embora tenha havido mais liberdade, foi encarada como divertimento de negro, sujeito à autorização da autoridade, e a ser perseguida como feitiçaria e curandeirismo, objeto de penalidade em Códigos de Postura municipais, como os de São Luís (1866), Codó (1848) e Guimarães (1856), estabelecidos no reinado de D. Pedro II. Depois da proclamação da República, apesar da apregoada "liberdade de crença", os terreiros continuaram a ser considerados como casas de diversão (por causa da realização de festas, rituais com toque e dança etc), acusados da realização de práticas mágicas e curandeirismo, enquadrados como crime no Código Penal brasileiro de 1890 e posteriores, e passaram a ser também acusados de crimes contra a saúde pública, sendo encarados como centros geradores de loucura (em virtude do transe ser visto por eles como uma alucinação, como um estado mórbido). Em decorrência disso, a religião afro-brasileira enfrentou por muitas décadas severo controle e perseguição da polícia e de órgãos governamentais.
Hoje, apesar das conquistas realizadas, continua sendo encarada de forma preconceituosa. O preconceito contra a religião afro-brasileira encorajou também práticas discriminatórias. Entre os fatores determinantes dessa situação enfrentada pela religião afro-brasileira têm sido apontados: 1) a sua associação à escravidão, que aparece como uma marca negativa irremovível e que tem justificado para muitos a sua "estigmatização"; e, 2) a falta de conscientização de seu caráter de religião por muitos dos seus ministros e adeptos, que os levam a considerar a religião afro-brasileira: uma obrigação séria e penosa, deixada por ancestrais a afro-descendentes; um culto às entidades espirituais que protegem especificamente os negros e, às vezes, uma forma de afro-descendentes cultuarem santos. O preconceito e a discriminação contra a religião afro-brasileira têm sido denunciados e combatidos em diferentes épocas, com estratégias diversas, tanto pelo "povo de santo" como por pesquisadores como: Nina Rodrigues, Beatriz Dantas, Yvonne Maggie, Luiz Mott, Raul Lody, Júlio Braga, Octávio da Costa Eduardo, Maria do Rosário Santos e outros. (Texto do Professor Mundicarmo Ferretti)
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